Encarando o nada,
Tendo em vista o nada,
Enamorado com o nada,
Repetindo o nada,
Esperando alguma epifania
que me diga de vez que eu vou ser pequeno
e para se contentar na grandeza de ser pequeno
e sê-lo com orgulho, dizê-lo: sou pequeno, muito bem
sim o sei, essa é minha vida, essa é minha sina,
eu a carrego, muito bem o sei, pois a Recompensa vale a pena,
mas epifânia não chegando e muito bem não sabendo de nada,
me sento cá neste restaurante na Urca propriedade de um certo
português, português este que se diz catalão veterano de
velhas batalhas, Maldito Franco, gritamos,
o Mar é uma boa metáfora para o nada, não?,
Mar sendo tão boa metáfora logo localizo um capitão,
capitão de fragata, creio eu, bonito uniforme, posso me sentar contigo?
diga-me capitão, você acredita na salvação da minha e sua alma?
melhor, capitão, você acredita na pequenez da carne e grandeza daquilo
que você não aponta com os dedos, não apalpa com a mão?
-Não, diz o capitão ao se levantar e dizer:
Visca Joaquim!
(seria Joaquim em catalão escrito com um eme ou ene?).
Naquele dia me mergulhei sete vezes ao mar.